Sustentabilidade no dia a dia (I)

Publicado por em jul 26, 2010 em Blog | 1 comentário

Dá para conceber que, em pleno século XXI, a capital da República Federativa do Brasil, uma cidade “moderníssima”, patrimônio da humanidade, planejada para o futuro, de um país emergente, exemplo para a América Latina e outros países em desenvolvimento, não tem um programa de coleta seletiva, separação e reciclagem do lixo?

A frase ficou longa, mas nem chega perto de retratar a minha indignação e descontentamento.

A lei 3.890, de 07 de julho de 2006, institui a coleta seletiva de lixo em todas as regiões administrativas do Distrito Federal, que deveria ser implantada de forma definitiva 180 dias após a publicação da lei. Fala em campanhas educativas e instalações de cestas de lixo. Diz que os materiais serão retirados em dias e horários definidos pelo órgão responsável da Administração Pública e destinados à cooperativas ou associações de catadores.  Diz ainda que se não houver interesse destas organizações, as instituições públicas poderão das o destino aos materiais, da forma que melhor convier ao interesse público (!!). Tem ainda uma outra lei (nº 3.517, de 27 de dezembro de 2004) que fala sobre a coleta seletiva de lixo nos órgãos e entidades do poder público.

Mas qual seria o órgão responsável da Administração Pública? Procurei no Portal do Cidadão, na seção “Habitação, Urbanismo e Meio Ambiente” e no site do Instituto Brasília Ambiental, e nada.

A solução para um indivíduo que quer reduzir seu impacto no meio ambiente e exercer a cidadania é guardar o lixo “não reutilizável mas reciclável” em casa, e vez por outra colocar tudo em uma mochila e levar em um supermercado, onde tem os recipientes para cada tipo de material, e há um projeto de colaboração com uma associação de catadores.  Antes eu duvidava um pouco deste programa também, afinal é uma empresa privada, do ramo que eu não tenho muita simpatia (supermercadista), e não tinha muita certeza se os resíduos eram mesmo repassados para um grupo de catadores. Mas outro dia tinha uma pessoa da associação por lá, e parece que funciona mesmo. Ele até me explicou que aquelas bandejinhas indesejáveis de isopor estão sendo compradas por uma empresa, que faz verniz com elas.

Mas para uma pessoa sem carro como eu, isto significa uma caminhada de uns 3km (ida e volta), com a mochila nas costas. Ainda bem que o lixo reciclável é leve.

Só que eu pago 27,5% de tudo que recebo como pessoa física em impostos, mais IPTU, ICMS, IPI … e mais um monte de “I” que não faço nem idéia (estes estão bem na página da frente do Portal do Cidadão!). Gostaria de ver este dinheiro melhor aplicado, em programas voltados para a sustentabilidade.

Um Comentário

  1. Os deputados distritais transferem a responsabilidade a orgãos operacionais do estado sem prover dotação orçamentária e sem perguntar como a estrutura de terceiros pode integrar a nova atribuição. Ao mesmo tempo a coleta do lixo é concedida a empresa privada e o edital de licitação não inclui os preceitos da citada lei. A inclusão do programa de coleta seletiva no orçamento do DF todos os anos até a eternidade exige uma máquina partidária.

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