Consumo Consciente

Publicado por em set 3, 2004 em Blog | 3 comentários

Ontem não recebi minha cesta de frutas e vegetais orgânicos. Recebo uma todas as quintas feiras, de uma empresa chamada Grow Wild. Nestes dois anos, desde que contratei o serviço, é a primeira vez que falha. O rapaz que entrega tem a chave da porta do prédio, e se não tem ninguém em casa ele deixa na porta do apartamento. Este serviço é chamado de Box Schemes, e tem várias empresas fazendo isso agora. Vem toda semana uns 10 itens, que eu não tenho liberdade de escolher. A variedade está baseada na estação do ano, na disponibilidade. Eles tentam ao máximo usar fornecedores locais, mas algumas coisas como tomates e bananas são impossíveis de serem produzidos aqui. Sempre recebo bananas, tomates, cenouras e cebolas. O restante é sempre variado, e meu cardápio se baseia no que vem na caixa naquela semana. Além disso, eles também fornecem pão, carnes, ovos, vinhos, laticínios, etc…tudo orgânico. O preço que eu pago pelo serviço não compraria a metade dos produtos orgânicos no supermercado.

Aqui não tem feira na rua. Só tem o Farmers Market, duas vezes por mês no sábado, mas não é uma coisa popular, acessível. Agora tenho 3 opções:

  • Vou de ônibus até um grande supermercado, onde tem tudo, inclusive uma grande seção de vegetais orgânicos (que com certeza viajaram milhas e milhas para chegar ali). Lá é tudo lindo, sei onde achar cada coisa, pouca novidade, e a idéia de que os produtores são extremamente explorados pelos supermercados martelando na cabeça, principalmente depois de ler a ultima edição da The Ecologist. Além dos alimentos ainda posso encontrar livros, CDs, roupas, tudo num mesmo lugar…que comodidade. Além disso posso levar os papéis e vidros para reciclagem. Ah, e eles ainda me dão pontos no cartão de fidelidade.
  • Ando dois quarteirões e vou na lojinha do indiano (também tem uma do tailandês). Lá nada é orgânico, mas os vegetais são muito mais baratos e mais interessantes. Não são todos do mesmo tamanho e mesma cor, tem umas coisas diferentes, como as berinjelas pequenininhas que estou querendo experimentar faz tempo (já vi também jaca, pois eles também tem na Índia). Tem também vários tipos de Dahl e os doces indianos tentadores. Não vou encontrar tudo que eu preciso lá, não tem nada orgânico ou Fair Trade, mas é uma loja pequena, onde trabalha uma família. No ano passado ainda tinhamos outras duas lojinhas parecidas aqui perto de casa, mas quando abriu outro supermercado há poucos quarteirões, eles acabaram fechando as portas.
  • Pego um ônibus e vou até o Real Foods . A loja é fantástica, tudo ou quase tudo é orgânico e ou Fair trade. Tem tanta opção para vegetarianos e vegans. Lá com certeza vou encontrar o meu leite de arroz, diferentes tipos de granola, vários tipos de tofu. Se for lá tenho que me controlar bem, porque tudo é tentador. Também tem livros (“alternativos”) e cosméticos, e os vegetais são orgânicos. Mas é tudo bem mais caro que na lojinha do indiano.

Bem, vou tomar o café da manhã e pesar minha consciência, depois conto o que decidi. E você que está lendo isso, como faz as compras?

3 Comentários

  1. Optei pelo “Não consumo” e me dei bem. Passei a manhã na internet, procurando coisas e “conversando” com um amigo, e na hora da fome tive que me safar com o que tinha aqui. Fui abrir o armário da cozinha e achei uma riqueza enorme lá. Tinha muita farinha (de trigo, de centeio, de milho, para chapatti, de grão de bico), mas também tinha sementes de girassol e de cânhamo, entre outras coisinhas. Na geladeira tinha arroz integral cozido e meio pé de brócolis. Com as sementes tostadas, o arroz e o brócolis fiz um risoto delicioso. Também tinha uma pêra remanescente da semana passada, e foi a sobremesa. E aí, no meio do almoço a caixa de vegetais chegou!!! E com coisas ótimas: cenoura, cebolas, tomates, bananas, laranjas, maçãs, vagens, meia abóbora, brócolis…acho que estou salva até a próxima semana. Falta o “leite” de arroz, para a granola de manhã, mas tô achando que vou dar uma passadinha numa outra lojinha (Jordan Valey), fonte de muitos ingredientes mediterrâneos e árabes. Achei lá o mesmo leite de arroz orgânico, pelo mesmo preço do supermercado. Por que comprar do grande, se eu posso favorecer um pequeno? E ainda posso aproveitar para comprar tâmaras e halva (um doce feito de pasta de gergelim, com uma textura exótica e delicioso com café).

  2. Ainda estou procurando boas opções, orgânicas e justas, próximas de casa. Enquanto não as encontro, divido entre as opções não tão boas – Pão-de-Açúcar, feira e padaria, perto de casa, “hortifruti” perto do trabalho.
    Por aqui, é cada vez mais difícil encontrar quitandas e mercearias de bairro. As grandes cadeias estão dominando tudo – e nos explorando, consumidores e produtores, a olhos vistos. Por que foi mesmo que eu desisti da idéia de ir para um sítio no interior?

  3. Olá, boa tarde (12:08) e parabéns pelo blog.
    Roberta, eu quase sempre compro comida na feira, moro no Grajaú, apesar de nada orgânico, é mais interessante, adoro feira. Quando não é a feira, é o hortifruti, um mercado só de vegetais, que oferece também alimentos “naturais” e também orgânicos (mui caros e de aspecto ruim).
    Compro pescado, frutas e hortaliças, normalmente compro o que deve ser cozido ou que pode ser comido cru mediante retirada da casca.
    Grãos compro no mercado mesmo (arroz).

    Acho que a saída dos pequenos é organizar forças, contudo, reconheço que é dificil brigar com um Carrefour (que assumiu a posição de vanguarda, sendo o primeiro grande a vender orgânicos) ou Pão de Açúcar – ou mesmo brigar pela ânsia de retorno financeiro de muitos produtores.

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