Fonte: WWI-Worldwatch Institute / UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica
Livro do cientista Lester Brown, fundador do Worldwatch Institute, é lançado no Brasil em versão eletrônica, e está disponível para download.
O homem moderno mantém um relacionamento destrutivo com o planeta, usando mais recursos do que a Terra pode repor. Para sobreviver, precisa criar mecanismos de mercado que incorporem os custos ambientais. Como lidar com esta nova realidade é o tema do livro Eco-Economia – Uma nova economia para a Terra, do cientista Lester Brown, fundador do Worldwatch Institute (WWI). Best-seller na Europa, Estados Unidos e Japão, o livro ganhou versão digital em português, lançada hoje, durante palestra do autor, promovida pelo Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, em São Paulo.
Se cada chinês tiver um ou dois carros na garagem, como os norte-americanos, vamos precisar de muito mais petróleo do que é produzido atualmente. Caso resolvam seguir este padrão para o consumo de papel, a produção também teria que aumentar muito. Ou seja, o modelo ocidental não funciona para países populosos como China ou Índia, ou para os mais de 2 bilhões de pessoas que vivem nos países em desenvolvimento. Em pouco tempo, também não funcionará inclusive para o mundo industrializado, disse o pesquisador norte-americano, que há mais de 20 anos publica o relatório anual Estado do Mundo.
Para Brown, a nova economia deverá ser baseada em energias alternativas, como solar e eólica, não terá espaço para o desperdício e contará com novos sistemas de transporte. A mobilidade prometida pelos automóveis não existe mais. Em Londres, a velocidade de um carro é hoje a mesma que a de uma carruagem de cem anos atrás, lembra. Embora os sinais de esgotamento sejam bastante conhecidos pela ciência, o cientista acredita que os esforços para se chegar a uma eco-economia ainda são incipientes, o que deve mudar rapidamente por conta de seus efeitos no setor mais vulnerável para a humanidade, que é a produção de alimentos.
Segundo ele, o homem está arando, pescando e desmatando demais. Além disso, as mudanças climáticas e a falta d’água começam a afetar a agricultura. O primeiro indicador econômico do problema será o preço dos alimentos, que deverá aumentar muito. Hoje, o Brasil é o único país com potencial agrícola não utilizado. No restante do mundo, a colheita de grãos é estável há oito anos, com déficit de produção nos últimos quatro anos, disse.
Uma das principais causas dessa estagnação, que acontece apesar das melhorias tecnológicas, é o aumento da temperatura. Conforme o especialista, a cada grau que sobe a temperatura, há um declínio de 10% da produção. A agricultura evoluiu em um período de estabilidade climática, por isso estamos enfrentando um novo desafio, avalia.
Outro novo problema para a produção agrícola é a depleção dos aqüíferos, cuja utilização vem se acelerando, apesar da capacidade de recarga já ter sido ultrapassada. O bombeamento excessivo é um fenômeno recente. As bombas a diesel foram inventadas em 1940 e nos anos 60 já estavam espalhadas na maior parte do mundo. Agora, depender de água subterrânea é regra e não exceção. A competição pelo mercado de água já começou, segundo o norte-mericano, através da briga pelo comércio de grãos. São necessárias mil toneladas de água para produzir uma tonelada de grãos. No entanto, a maior parte do crescimento da população acontece onde a água já é escassa.
Nesse sentido, o cientista defende o aumento da produtividade da água e a estabilização do clima como as maiores metas a serem alcançadas. Entre as tendências, Brown cita a energia eólica, que vem crescendo mais de 30% ao ano, e a utilização da água para produzir hidrogênio para combustível, principalmente, para os automóveis. É preciso incorporar os custos ambientais nos preços dos produtos. Com isso, o próprio mercado vai mostrar as vantagens da eco-economia, disse.
Para exemplificar, o especialista cita uma pesquisa, realizada nos Estados Unidos, mostrando que cada maço de cigarro custa, para a sociedade, US$ 7,18, em tratamento de saúde, faltas ao trabalho etc. Precisamos calcular também o custo para a sociedade de se queimar um galão de gasolina. Com isso, veremos que a energia eólica é
infinitamente mais barata do que o petróleo. Algumas pessoas pararam de fumar quando souberam que o cigarro faz mal à saúde. Outras, só pararam depois de ter câncer de pulmão. O desafio, na área ambiental, é fazer o mundo parar de fumar antes de ter câncer de pulmão.
(Estadão)
A publicação Eco-Economia – Uma nova economia para a Terra está disponível para download integral e gratutito na Biblioteca Digital do site http://www.wwiuma.org.br
Comentários