“Terra Madre é a verdadeira multinacional do alimento, com a diferença de que quem a comanda são milhares de pessoas simples, que cultivam, plantam, colhem, praticam e comem em nome de um interesse muito maior que o lucro, mais complexo e talvez por isso, menos facilmente compreensível.” Carlo Petrini, Presidente Internacional e Fundador do Slow Food.
O Alimento para Pensar está recheado de referências ao Terra Madre, acompanhando a evolução desta Rede desde 2004. Agora, às portas do próximo encontro desta Rede, em Turim em outubro de 2010, este livro de Carlo Petrini é leitura obrigatória.
Começa com a transcrição do discurso de Carlo Petrini na abertura do Terra Madre 2008, em meio a maior crise econômica no hemisfério norte, e conseqüentemente no mundo, e poucos dias depois dos países ricos se juntarem para salvar os bancos da falência, com uma injeção de mais de 2 bilhões de dólares arrecadados em 15 dias:
“Os agricultores serão os principais protagonistas da terceira revolução industrial, que se iniciará em suas comunidades, de suas propriedades agrícolas, do campo…”
O livro tenta explicar o que é o Terra Madre, “uma rede aberta, disposta a acolher no seu interior todos aqueles que têm o mesmo ideal, mesmo agindo de forma diferente, ou em contextos muito distantes uns dos outros – seja do ponto de vista geográfico, seja do ponto de vista operativo”. Ou seja, não é simplesmente um evento que o Slow Food promove a cada 2 anos, como já ouvi e li tantas vezes e que me irrita profundamente.
Conta também em detalhes como surgiu a idéia de fomentar esta rede e realizar o primeiro encontro em 2004, sem saber ao certo como seria a evolução. A Rede Terra Madre aos poucos ficou maior que o Slow Food em si, mudando gradativamente os rumos deste movimento.
Carlo Petrini, em sua poética própria, discorre sobre política, cultura, segurança e soberania alimentar e propõe, no último capítulo, “um modelo muito aberto, muito flexível, de reestruturação do mundo do alimento. Um modelo que se configura como uma revolução…”
Para quem é ativo no movimento, acompanhou a evolução da enogastronomia – ecogastronomia – neogastronomia, e o fortalecimento da Rede Terra Madre, muito do que está escrito no livro não é novidade. Mas é sempre um prazer ler as palavras de Carlo Petrini, e é um excelente texto para quem quer saber mais sobre o Terra Madre e os assuntos nos quais o Slow Food está envolvido.
Infelizmente o livro ainda não chegou ao Brasil. O que eu li é de um amigo, e vai voltar para ele em breve. Pode ser adquirido na Slow Food Editore (mas até onde entendi, infelizmente não enviam para o Brasil, somente dentro da Itália). Existe uma versão em inglês, que pode ser comprada aqui.
A edição em italiano é acompanhada do DVD Gente de Terra Madre, um filme de pouco mais de 15 minutos muito comovente:
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O Petrini podia tanto virar um adepto do CreativeCommons… 🙂